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Saiba o que fazer em caso de acidente de trânsito

Parte III - Fotografias

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     É natural que os proprietários tirem apenas fotografias aproximadas das avarias no SEU veículo. Isso é absolutamente insuficiente para subsidiar o trabalho posterior dos peritos.

     Há um sem número de razões porque você deve fotografar o Local do Acidente:

     Para possibilitar a reconstrução do acidente, para sustentar eventual perícia indireta, para demonstrar para as seguradoras que não houve fraude, para evitar que outro envolvido mude sua versão do acidente, para que não lhe venham cobrar consertos maiores do que os danos produzidos... 

     Quando um perito criminal examina um Local de acidente, ele afere as posições relativas entre os veículos, procura marcas no asfalto, no meio fio, registra a posição e a distribuição de fragmentos, tudo isso para tentar reconstituir a movimentação dos veículos antes e depois da colisão.

     Se o perito não está no Local, haja como perito e fotografe da forma que ele faria!

     Uma regra geral: Fotografe do plano afastado para o aproximado. Ou seja: primeiro uma visão panorâmica, então caminhe (ou use o zoom) progressivamente em direção ao que pretende mostrar. 

Essa sequência de fotos trará melhores condições de subsidiar perícias indiretas.

Fotografias aproximadas não são úteis se não há como inseri-las no contexto. 

     De nada adianta ao perito examinar uma fotografia em que aparece apenas uma marca de pneu sobre um pedaço de asfalto. 

     Se o perito não conseguir posicionar a imagem no contexto do acidente, ela não o ajuda em nada. Daí a insistência na aproximação progressiva do registro fotográfico.

     Isso facilita a interpretação por quem não tirou a fotografia (e até por você mesmo, mais tarde).

Resumindo a primeira regra: Sempre fotografe do geral para o específico!

 

     A segunda regra é manter-se em segurança!

     Nada de perambular em pista de alta velocidade ou ficar de costas para o tráfego.

     Só fotografe o que as condições do local lhe permitirem fazer em segurança.

 

Fotografe:

     1 – O acidente 

O Local e as posições relativas dos veículos. Como um veículo parou em relação ao outro, em relação à pista ou a outro ponto de referência? Tire fotografias que respondam isso, sob mais de um ângulo.

     2 – Os veículos 

Contorne cada veículo (360 graus), fotografando-o sob vários ângulos, e depois, dê ênfase a avarias específicas. Lembre-se também de fotografar também as placas.

     3 - De onde vinham os veículos?

Volte alguns metros (podem ser 30, 50, 100, depende das condições do ambiente), de modo a fotografar a visão do Local segundo a trajetória de aproximação de cada um dos veículos. 

Isso ajuda o perito a compreender as condições de visibilidade para cada um dos envolvidos.

Outras circunstâncias também serão confirmadas a partir dessas fotografias: como era a visibilidade, se havia iluminação pública, se era dia ou noite, se chovia. 

     4 – Sinalização 

Registre a existência de sinalização de trânsito como placas de velocidade, semáforos, linhas de retenção, placas de pare ou de preferência, e também as linhas que demarcam as faixas.

     5  - Outros elementos

Pavimento - Fique atento para buracos, fragmentos (vidros, plásticos, pedaços de faróis), marcas de pneus. Fotografe tudo de longe, depois em detalhe.

Marcas e quebramentos no meio-fio podem indicar o local exato onde ocorreu a saída de pista.

É a partir desse tipo de elemento que o perito encontra o marco mais importante da perícia de acidente de trânsito: o Ponto de Colisão.

  Essa definição é essencial para reconstruir a dinâmica do evento e atribuir corretamente a responsabilidade pelo acidente.

Eu diria que as fotografias da pista são tão ou mais importantes que as fotografias dos veículos em si, para estabelecer a dinâmica da colisão e encontrar a Causa Determinante.

 

    Se todos seguirem as regras contidas no Código de Trânsito, dois veículos não ocuparão o mesmo espaço ao mesmo tempo. Há regras de prioridade para tudo: mudanças de faixa, entradas em pista, ultrapassagens, cruzamentos.

     Se houve uma colisão, é porque dois veículos ocuparam temporariamente o mesmo espaço.

Voluntaria ou involuntariamente, houve ao menos um descumprimento às regras de circulação.

Esse descumprimento é o que o perito busca determinar, e é o que na Criminalística se denomina Causa Determinante.

 

EM RESUMO:

Fotografe do geral para o específico

1 – Local – como ficou a situação final?

2 – Cada veículo e suas avarias

3 – A vista que tinha cada condutor, quando se aproximava

4 – Sinalização de Trânsito

5 – Marcas na pista e outros elementos

E mantenha sempre o cuidado com sua segurança. 

 

 

Leonardo Lacerda é engenheiro mecânico e perito em acidentes de trânsito

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